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sexta-feira, 5 de junho de 2015
Raif Badawi: o blogger que
Dois dias depois do atentado à redação da publicação francesa Charlie Hebdo, um outro homem pagou um preço elevado por expressar o seu direito à liberdade de expressão, mesmo estando a milhares de quilómetros de distância. Raif Badawi, de 31 anos, recebeu as primeiras 50 de 1000 vergastadas. O crime que cometeu? Questionar questões religiosas através do blog Rede Liberal Saudita. Há já muito tempo que Raif Badawi sabia as suas palavras eram tão fortes como perigosas. Detido pela primeira vez em 2008, foi submetido a interrogação pelo tipo de conteúdos que publicava na Internet. Ainda assim, acabou por ser libertado no dia seguinte e o susto não o calou. Servindo-se do blog Rede Liberal Saudita, continuou a dar voz à s suas opiniões sobre assuntos como polÃtica e religião. Entretanto, o Governo saudita manteve-se atento à atividade do blogger e em 2009 voltou a aplicar represálias. Desta vez, o blogger foi proibido de deixar a Arábia Saudita e viu a sua conta bancária congelada. A crise chegou mesmo a alastrar-se ao casamento de Badawi. Casado desde 2002 com Ensaf Haidar, de quem tem três filhos, Raif Badawi teve de confrontar a famÃlia da mulher que exigia a anulação do matrimónio. Eis então que no dia 17 de junho de 2012 o Governo saudita decidiu que Raif tinha ido longe demais. Acusado de insultar o Islamismo através de posts consecutivos no blog, o blogger foi detido pelas autoridades. De acordo com a Human Rights Watch, Raif Badawi terá criticado várias figuras religiosas, defendido a separação de poderes e equiparado a universidade Imam Muhammad ibn Saud Islamic a um "covil de terroristas". Em dezembro de 2012, Raif Badawi foi então julgado pelas acusações que lhe foram feitas e condenado por apostasia - renúncia dos valores impostos pela Arábia Saudita. No entanto, a sentença estipulava 7 anos de prisão e 600 chicotadas por Raif Badawi ter criado um fórum que âviola os valores Islâmicos e propaga o pensamento liberalâ. Após recorrer o julgamento, Raif Badawi foi então condenado, no dia 7 de maio de 2014, a 10 anos de prisão e 1000 chicotadas, assim como ao pagamento de uma multa de 1 milhão de riyal (equivalente a 267 mil dólares). O acesso aos media ficou também vedado a Raif Badawi. E voltamos então à primeira parte deste post: dia 9 de janeiro de 2015. Enquanto na Europa se vivem dias de apreensão, no seguimento do maior atentado terrorista desde julho de 2005, em Londres, na Arábia Saudita Raif Badawi é apresentado perante centenas de espectadores numa mesquita, onde recebe as primeiras 50 vergastadas da sua punição. Raif Badawi terá ficado em estado grave após a primeira sessão, tendo sido até necessário adiar as sessões seguintes do castigo. Entretanto, a esposa e filhos de Raif Badawi refugiaram-se em asilo no Québec, Canadá mas a mesma sorte não teve o cunhado e também advogado de Raif, Walid Abulkhair, que foi igualmente preso por defender o blogger contra as acusações de apostasia.
Contra tudo e contra todos, Raif Badawi manteve a sua opinião, mesmo sobre os assuntos mais polémicos. O blogger defendeu o secularismo e criticou fortemente a inexistência de uma separação entre os poderes polÃticos e religiosos. âEstados que se baseiam na religião confinam os seus cidadãos a um cÃrculo de fé e medoâ, salientou. Atento ao mundo que o rodeia, Badawi não escreveu apenas sobre assuntos internos. Na altura do inÃcio Primavera Ãrabe e dos protestos na Praça Tahrir contra o regime de Hosni Mubarak, o blogger deixou a sua mensagem de apoio para com os âestudantes e marginalizadosâ que iniciaram a revolução egÃpcia. âà um ponto de viragem decisivo, não só para o Egito, como para todos os paÃses governados pela ditadura árabeâ. Em maio de 2012, pouco tempo antes de ser preso, deixou a mensagem de que é necessário clarificar o tipo de regime saudita e mudar o rumo da nação para que o paÃs possa progredir. âNenhuma religião tem uma conexão com o desenvolvimento cÃvico da humanidadeâ, afirmou, salientando que âdificilmente a regulação do tráfico, uma lei laboral ou o código governamental podem derivar da religiãoâ, seja ela qual for.
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